Aqui, no meu quarto de escrever
Ouvir música parece reza
Me curo e me purifico, só por achar isso aqui bonito
Jogar flores ao vento
Das tormentas aí de fora
Do escárnio existencial
Da auto negociação
Que pressão é essa que sufoca? Que comprime pra baixo
Que cansaço é esse que faz eu me arrastar até o trabalho sem poder dançar a valsa das manhãs?
Perder meus poderes de ser reticente misterioso no branco dos meus temores
Inspira-me ó meu quarto de escrever, o que houver de mais singelo
Mas não me deixe parecer vazio
Aceito ar
Pra plagiar a chuva
Tento tanto
Parece fácil crescer e é, o difícil é provar para os outros que você está aqui, você precisa ser além de si para te verem.
Tem gente que já encontrou a fórmula
Da beleza e do dinheiro
Eu não
Provavelmente sou uma interrogação pra você
Você não me vê nitidamente, o meu embaçado entre libido e desespero
Achas que sou capaz de usar chinelo em um pé e botas em outro?
Já que meu cabelo não é nem grande nem curto
Fico nem bonito nem feio
Sou na média, um café com leite e um pão com manteiga na chapa
Vira lata
Cavaleiro andante
Já deslizei nas suas lágrimas e sei que a música silenciou ali
Quando me deparei com todo o resto e me senti engolir, um espelho se posicionou a minha frente me mostrando meus dentes amarelados e minha falta de ressonância
Aí fico oco, opaco e a deriva
Falando esse nada com nada e te obrigando a gostar
Porque no fundo eu sou legal e você sabe disso
Sou descolado, tá ligado?
Um fracasso que deu certo
Incipidamente feliz
Espero que você goste de você como eu gosto de mim.
Eu gosto de você assim como você gosta! Lindo! Amei...
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