De onde nasce a arte? Qual a
fonte que traz à tona uma AÇAO ESPECIFICA num mar infinito de possibilidades?
Por que aquele gesto? Por que aquela sensação reverberou naquele momento? O que
faz um instante ser lembrado? Todo sorriso é felicidade? Toda arte é um palco,
todo artista é um ator, que se expressará através daquele palco e um dia passará.
Sua arte fica, já não lhe pertence mais, o artista é um meio, um fio de conexão
entre o divino e o mundano, entre o passado e o futuro, entre a verdade e a
mentira, entre a vida e a própria vida, o melhor e o pior de tudo que se possa
imaginar encontraremos no sincero artista, sua luz e sua sombra caminham
juntas, sublime grotesco.
Por isso os grandes artistas
são profetas loucos e também silenciosas divindades que despertam o amor, o que
é amar se não estar louco?
E qual o poder da arte? Até
onde vai sua influencia no comportamento do individuo? Há quem diga que
Shakespeare reinventou todos os aspectos humanos, os arquétipos Shakespereanos
do amor puro e inconsequente que levaram Julieta e Romeu ao encontro da morte;
a relação de poder entre o povo e o Rei (o Estado), a relação de ambição que
leva um homem a roubar e matar seus familiares pelo poder em Ricardo III, o
vilão dos vilões; a usurpação do homem pelo homem, a relação profana dos
representantes religiosos; a cobiça; as traições; os amigos fiéis de caráter
inabaláveis; a família; as tradições; a propriedade privada; os ricos e os
pobres; a fome e a guerra; a peste; a vingança; a gloria; a morte, os artistas
e o grande teatro que é o mundo. Da mitologia ancestral de todos os povos, só
fica no TEMPO o quem tem força, para além do bem e do mal.
Platão, Aristóteles,
Eurípedes, Homero, Beethoven, Van Gogh, Nijinsky, Stanislawsky, Dalí, Frida,
Cleópatra, Aleijadinho, Artaud, Godard, Dostoievski, Pelé, Jobim, Chopin,
Schopenhauer, Rei Arthur, Fidel, Rosa Luxemburgo, Joana D´arc, Hendrix, Jim,
Jannis, Lennon, Kardec, Sidarta, Jesus, Confúcio, Bruce Lee, Michael, Kubrick,
Pirandello, Kurosawa, Niestzche, Chaplin, Caetano, Elvis, Raul, Barichinikov,
Jung, Marx, Pollock, Cobain, Simone, Marley, a injustiça e a impossibilidade de
não esquecer outros tantos, e claro eu e talvez você.
Cazuza morreu, Agenor, seu
nome. O homem que pagava contas, que enfrentava a fila do mercado, que acordava
no meio da noite com dor de barriga, esse morreu. Cazuza não! Dispara contra o
sol , é forte , é por acaso! Agenor quer uma ideologia pra viver, cazuza canta!
Agenor, aquele garoto que ia mudar o mundo, agora assiste a tudo calado em cima
do muro, cazuza só canta, dança, berra. EXAGERADO! FAZ PARTE DO SHOW! POIS O
TEMPO NAO PARA!
Seu quase xará Angenor de
Oliveira, CARTOLA. Homem analfabeto, só sabia escrever com cordas de violão,
morreu. Analfabeto aos olhos dos letrados, dos importantes, Analfabeto escreveu
com a voz: “O mundo é um moinho, vai triturar teus sonhos tão mesquinhos, vai
reduzir as ilusões à pó...” demorei para aceitar esses versos, para engolir esses
versos, e ainda não sou capaz de digerir a dor desses versos, mas sei que pro
autor destes versos, doeu antes, doeu primeiro, doeu essencial! E sei que sua
dor criadora e pregressa de alguma maneira dissolve a minha.
Queria falar de outros que
também fazem parte de mim, do meu olhar Garcia Marques e do meu andar Arlequim,
da minha sujeira em Beckett, da minha tristeza em Amy Whinehouse, do meu fogo
Bukowski, da minha loucura Ionesca, da minha tragédia Fellini, mas não vai dar,
eu sei que não vai dar, vai ser impossível narrar a mim mesmo, então só me
resta ser. Minha utopia é nunca viver sem mim, nem por um segundo.
Eu, socialista, humanista e
as vezes egoísta, gostaria de que todos os seres da natureza vivessem em alguma
espécie de harmonia e felicidade, em paz e que todas as relações fossem de
troca, com respeito, arte e boas intenções, gostaria de ser lembrado assim, e
troco meu esquecimento total por sentir essa sensação de mundo. Quero ser
esquecido por todos e também por mim, quero o silencio absoluto. O Tudo é
nada. É impossível ou improvável?
Quero que o Apocalipse seja
um Deus bondoso e que venha logo, que nos permita
regenerar e elevar a existência, que todas as dores sejam de mentira como no
teatro e que todas as felicidades sejam de verdade como no teatro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário