sexta-feira, 7 de julho de 2017

Isso

Eis-me aqui,
Sabendo que faço isso já sem a utopia do milagre,
já sem a pretensão da carne,
já sem a ousadia do vinagre.
Eis-me aqui,
andando em círculos,
exatamente no ponto onde nunca cheguei, untado da força de nada, protegido pelo privilégio de me dissolver no vento.
Aqui, onde nao tem explicação ou entendimento, aqui, onde o tempo descansa do relógio, a humanidade dorme sonhando pecados vis.
Na jornada sem fim do ser pretérito, meu corpo queima mal passado,  liberdade nunca ouve porque grita, mudo comigo o que consigo exalo.
Só falo, sigo e mudo, sou falo de Sigmund, sou torre de Segismundo, caverna de Platão, sonho de Calderon, tenho em mim todos os mitos e arque-tipos, sou todas as tragédias mas só um destino - morrerei ontem, sou feliz em instantes.
Cadavericamente cálido, brilhantemente pálido, entusiasmadamente inválido, impávido colosso. Sou cão que não larga o osso; a mão do ladrão comer; estraçalhando terno e pescoço. E na jugular, julgar! Ternura pros que são de terno, que a foice tem fome de povo, ou suas tripas pros cães do inferno.
Eu os amaldiçoei! Os Exus vão te cobrar!
Agora mudando de assunto, o que fazer? Pra onde ir?
Aceitando a propria imperfeição e abrindo mão de ser herói, de ser o melhor, quais musicas realmente queremos beber? Aceitar-se e amar-se e assim engrandecer-se. Boicotar o que não faz o coração pulsar, silêncio e ar.
Os cometas passam, a Terra orbita e  os asteroides voam,  e um dia eles colidem bem no meio da tua fuça, e vai ser bem feito, vai ser massa não ver isso.

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